Senzala de Umbanda é muito diferente daquela senzala dos donos de engenho e proprietários de escravos, onde para eles era apenas um local para guardar os negros assim como guardava as ferramentas e materiais da fazenda. Na senzala dos donos de escravos se guardava os estorvos necessários ao plantio e colheita de suas safras, havia algemas, troncos e outros meios de torturar os fugitivos, os inconformados, os cansados e os doentes que faziam “corpo mole” para não trabalhar. Era local de sofrimento e angústias.
Mas à noite, longe dos olhos de seus “proprietários”, os negros africanos se reuniam em torno de sua FÉ e rezavam a Deus pedindo forças para aguentar tanto sofrimento, pedindo saúde, cura e paz para seus espíritos aflitos. À noite, em meio às orações e rezas, muitas vezes chegavam os enviados dos Orixás trazendo luz, vida, energia e cura, através de seus passes magnéticos e de suas receitas de ervas e emplastros. Ali, em meio ao sofrimento de um povo discriminado e açoitado, descia a Luz Divina de Deus na forma que eles conheciam, como a força de Ogum, a firmeza de Xangô, o carinho amoroso de Oxum, a sabedoria dos Pretos-Velhos. Por algumas horas, eram transportados para um outro mundo e já não importava mais a tortura sofrida durante o dia. Viviam sob as luzes de sua Aruanda, o paraíso espiritual onde havia liberdade, amor, paz, equilíbrio, igualdade e fraternidade. Esta é a Senzala de Umbanda, a Senzala sob a Luz da Aruanda, acolhida pelos Orixás e iluminada por seus guias. Salve nosso Pai Oxalá! Salve todo o povo de Aruanda e de Umbanda! Salve a liberdade, a vida, o amor, a igualdade e o respeito entre os povos e nações! Salve a liberdade de expressão e a diversidade cultural! Salve todas as religiões pois todos os caminhos levam ao nosso Divino Criador! Salve! Salve! Salve!
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